Como começar uma pequena horta

Introdução

Quando as condições de cultivo são ideais, os vegetais e ervas aromáticas parecem crescer todos bem. Se queres que a jardinagem seja fácil e o jardim abundante, é essencial trabalhar com a natureza, criando um ecossistema feito para que as plantas prosperem.

5 chaves para garantir uma colheita abundante

1.   6-8 HORAS DE LUZ SOLAR OU MAIS

Não basta que haja um espaço que “parece” ensolarado. Se uma planta não vê o sol, ela não pode fotossintetizar, o que significa que não vai crescer. Para produzir quantidades significativas de vegetais, as plantas precisam de pelo menos 6 horas de luz solar cada dia e querem mais. Observa a luz solar no local da horta a cada hora e soma o número de horas com sol.

2.   ENTRE 10 e 29º C, À NOITE,  PARA MÁXIMO CRESCIMENTO

Lembra-te que esta é a temperatura do ar. Marca no calendário quando esse pico de crescimento estiver em vigor. Cada vegetal e erva tem um ponto ideal de temperatura, onde a planta adora crescer. É útil escolher culturas e variedades adequadas às condições locais de cultivo.

3.   ESPAÇO DEDICADO PARA CRESCER VEGETAIS E ERVAS

Estipula onde vais implantar a horta para que possas cultivar uma biologia saudável para os sistemas radiculares ( raízes ). Cultivo de hortaliças, vegetais  e ervas num pequeno espaço dedicado irá conservar o teu tempo e recursos. Foca na construção de uma biologia do solo forte: para obter vegetais e ervas ricos em nutrientes, tens de ter raízes saudáveis ​​aliadas à biologia. Quer estejas a cultivar no solo, em recipientes ou soluções à base de água, são os microrganismos que alimentam as plantas com nutrientes preciosos para que as plantas possam passar esses nutrientes para ti.
Portanto, marca a área da horta e trata-a como ouro. Assegura que ninguém pise no precioso solo do jardim.

4.   NA TUA LINHA DE VISÃO (DIARIAMENTE OU SEMANAL)

Começar um jardim é como arranjar um animal de estimação. Se tu não mudas os teus hábitos para incluir o teu jardim diariamente, vais negligenciar as plantas e podem morrer.

Se fizeres a jardinagem de maneira inteligente, o jardim só precisa de alguns minutos do teu tempo todos os dias – OU – uma hora uma vez por semana para pequenos jardins. Mas, talvez queiras ficar de olho no jardim regularmente para notar quaisquer problemas de pragas ou doenças antes eles se tornarem um problema. As plantas gostam de atenção e vais notar quando precisarem de um pouco de água extra.
Três opções para priorizar seu jardim diariamente:
1) Caminha pelo jardim ao sair todos os dias.
2) Posiciona a horta de forma que possas vê-la pela janela.
3) Posta um lembrete na frigorifico.

5.   30-50 mm  DE CHUVA OU ÁGUA  POR SEMANA

Automatiza isto tanto quanto possível e quase não terás mais trabalho de jardinagem para fazer. Investe em irrigação por gotejamento automatico, bem perto das raízes das plantas. Pouca água e as plantas stressam, mas com muita água os nutrientes são eliminados. 30-50 mm por semana é adequado para a maioria dos vegetais e ervas – isto significa 30 a 50 litros de água, por metro quadrado, por semana.

Depois de avaliar todas as cinco chaves, qual chave é mais desafiadora para o teu espaço de jardim?
Tem em mente que há quase sempre soluções criativas e ações que podes tomar para melhorar a tua colheita.
As chaves estão por ordem de importância, então começa do topo e vai descendo, um passo de cada vez.

Planear a horta

Quer seja uma área de terreno, canteiros ou floreiras, é fundamental reunir as condições adequadas para que as plantas prosperem. Neste artigo abordamos a situação concreta de uma horta no solo.

1. Escolhe o local

Podes ter a oportunidade de escolher o local ou estar condicionado na tua escolha. Por isso deves ter em conta o ponto 1  referido acima nas ideias chave.

2. Tamanho da horta

É importante referir que se és um iniciante, deves começar com uma pequena área ( 10, 20, 30 m² ) . Por outro lado, deves ter em conta se pretendes produzir todos os vegetais que consomes ou apenas uma parte, aqueles que tens mais dificuldade em adquirir ou que são mais dispendiosos.

3. Escolha das plantas

Bom, aqui o que faz sentido é escolher aqueles que realmente comes, atendendo às quantidades, de forma a planear a sementeira ou plantação. Por outro lado, deves ter em consideração o clima onde estás, escolhendo as espécies mais adaptadas a esse clima.

4. Preparação do solo

Preparar o solo pode implicar remover ervas daninhas e limpar a área de quaisquer detritos. Caso seja um solo que se encontra sem cultivo há muito tempo ou que está compactado, deves mobilizá-lo até à profundidade de 20-30 cm, altura média até onde se desenvolvem a maior parte das raízes das plantas que vais produzir. Se for um solo que tem vindo a ser trabalhado, a tarefa da preparação torna-se mais fácil, pois existem raízes e espaços criados pelo desenvolvimento das plantas. Não deves pisar o solo de cultivo habitualmente, pois assim evitarás voltar a mobilizar.

Para simplificar podemos dividir os solos em: arenosos ou argilosos. Os argilosos são mais férteis, contudo mais difíceis de mobilizar e menos apropriados para culturas de raízes ou tubérculos ( batata, cebola, alho, etc ). Não deixes contudo de os cultivar se for essa a tua escolha.

Como já referido, importa criar condições que permitam a vida dentro do solo. Isto faz-se adicionando nutrientes – fertilizante orgânico, preferencialmente – e matéria orgânica para que os microorganismos se alimentem, decompondo-a e libertando nutrientes, tornando-os acessíveis às plantas através das raízes. Aos solos mais arenosos deve ser adicionada mais matéria orgânica para melhorar a capacidade de retenção da água, algo que os solos argilosos fazem com mais eficiência – como referência, 5% de matéria orgânica no solo corresponde a 10 L de matéria orgânica por cada M².

5. Design da horta

O design da horta varia em função do espaço concreto. Pode ser feito em camas elevadas, em canteiros sem elevação, ao redor de árvores, etc. O design está relacionado também com as plantas que pretendes cultivar, o espaçamento necessário entre elas para que alcancem o maior desenvolvimento, a compatibilidade entre espécies, o ciclo da cultura, etc.

6. Plantação

Existem plantas para as quais podes fazer sementeira direta, outras uma sementeira prévia e posterior transplante e outras são por plantação de bolbos ou rizomas. Aqui deves fazê-lo em função de cada espécie.

O modo de produção biológico

A Agricultura Biológica é um modo de produção que visa produzir alimentos e fibras têxteis de elevada qualidade, saudáveis, ao mesmo tempo que promove práticas sustentáveis e de impacto positivo no ecossistema. Fomenta a melhoria da fertilidade do solo e a biodiversidade através do uso adequado de métodos preventivos e culturais, tais como as rotações, os adubos verdes, a compostagem, as consociações e a instalação de sebes vivas, entre outros.

Procura-se incrementar a limitação natural (favorecendo os insectos auxiliares) e recorrendo a diversas medidas culturais, tais como a utilização de variedades resistentes a pragas e/ou doenças.

Eis alguns conceitos:

Rotações
A rotação de culturas é uma prática agrícola desejável que consiste em alternar o cultivo de diferentes espécies relativas ao mesmo sítio ou área, evitando ou reduzindo a incidências de doenças da mesma espécie vegetal.

Consociações
Quando estás a planear a tua horta deves ter em conta que existem espécies mais e menos compatíveis, umas com as outras, dado que ocorrem trocas de substâncias químicas ao nível das raízes, influenciando as plantas vizinhas de forma positiva ou negativa, chamando-lhes, então, companheiras ou antagónicas.

Compostagem
É um processo biológico, natural – ou forçado – que se traduz na decomposição da matéria orgânica, resultando em composto utilizado pelas plantas devido ao elevado teor de nutrientes. Por isso, deve ser utilizado na fertilização das plantas da tua horta.

Ir mais fundo: Fazer o melhor com as tuas condições locais

Nem todos têm as condições ideais de cultivo!

Mas agora que sabes que temperaturas precisas, podes ser criativo(a) e prolongar a temporada de crescimento.
Durante o dia, a luz solar aquece a superfície da Terra, aquecendo o solo. Quando o sol se põe, o solo esfria e perde calor. Portanto, embora a temperatura do ar possa ser de 5º C à noite, a temperatura do solo pode estar perto de 10º C. A boa notícia é que podes criar abrigos, túneis, estufas, ou coberturas para que as plantas usufruam de “microclimas” que são mais favoráveis. Usa a tua imaginação! Experimenta, pesquisa, porque às vezes 5 ou 10 graus podem duplicar a tua colheita!

Cobrir o solo reduz as oscilações da sua temperatura. O solo descoberto reflete mais luz e calor do que quando está coberto por plantas ou cobertura morta. O o calor refletido pode aquecer a horta, especialmente em regiões com dias de mais de 35º C. Aplicar cobertura morta ao solo ou plantação densa, para que nenhum solo fique exposto à luz solar, manterá a temperatura mais fria durante o dia e mais quente durante a noite. Mudanças extremas de temperatura stressam as plantas.

O ar quente sobe e o ar frio desce…Mesmo pequenos desníveis e reentrâncias no solo podem formar pontos de recolha de ar frio. Já notaste como a geada se forma primeiro nesses pontos?
or exemplo: Se moras num clima mais frio, não plantes no sopé de uma colina. Essa área será a primeira a congelar e isso não é o que tu queres para os teus vegetais! Se plantares numa colina num local de clima mais quente, planta no cimo espécies de clima mais quente e de clima mais fresco na parte inferior.

Superfícies duras absorvem e refletem o calor, aquecendo as plantas ao redor
Se moras na cidade perto de muitas estradas e superfícies pavimentadas, as temperaturas podem ser de 5-10º C
mais elevadas do que numa área com muita vegetação. Usa esse conceito a teu favor. Para proteger as culturas das baixas temperaturas, podes construir paredes rochosas que possam recolher o calor durante o dia e reflitindo-o de volta para as plantas à noite.

Regras básicas para colheita das hortícolas

É desejável que colhas as hortícolas ao fim da tarde ou início da manhã, principalmente aquelas cuja parte comestível sejam folhas ou frutos, pois estão mais túrgidas e serão mais saborosas. Nos legumes de folha (com algumas exceções como o repolho) corta apenas as folhas que necessitas para uma refeição deixando a planta crescer. É uma boa forma de produzir num espaço pequeno.

O corte (tesoura de poda ou faca de colheita) é sempre melhor do que arrancar as folhas à mão, pois ao arrancar podes puxar demasiada força, deixando as plantas jovens com as raízes expostas o que poderá prejudicar o seu desenvolvimento. Em relação às cenouras, rabanetes, etc (legumes de raiz ou tubérculo), colhe-os puxando-os com cuidado para não partir a rama.

Caso precises de ajuda para instalar a tua horta, o sistema de rega ou alguma informação adicional não hesites em contactar.

Boaquinta.com / miguel@boaquinta.com

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